Sobre

Escrito a partir de 2013, como se estivéssemos em 2002, com o fim de colaborar com a perda de tempo e a destruição da internet.

O autor tem 25 26 27 28 29 anos (muitas vezes parece que tem 14, outras que tem 233), é baiano (de Feira de Santana) e está na Bahia (em Salvador). Qualquer bronca, acertem no rafaelbspbarbosa@gmail.com.

Ah, também tem textos sobre música aqui (há um bom tempo sem atualização): http://www.lastfm.com.br/user/fosforosmalone/journal

E tem isto aqui também:  twitter.com/arquimedesjeans

A culpa do nome do blog é de Wislawa Szymborska, a polonesa autora do poema cuja tradução, de Henryk Siewierski, segue abaixo:

Os pensamentos que me visitam nas ruas movimentadas

Rostos.
Bilhões de rostos na face da terra.
Dizem que cada um é diferente
dos que já se foram e dos que virão um dia.
Mas a Natureza – quem é que a entende? –
cansada do trabalho que nunca acaba
talvez repita suas ideias antigas
e ponha-nos rostos
já usados outrora.

Pode ser Arquimedes de jeans que passa ao seu lado,
a czarina Catarina com roupa de brechó,
um dos faraós de pasta e óculos.

A viúva de um sapateiro descalço
vinda de uma Varsóvia pequenina ainda,
um mestre da gruta de Altamira
levando as netas para o zoológico,
um Vândalo cabeludo a caminho do museu
para se deliciar com os mestres do passado.

Os que tombaram há duzentos séculos,
há cinco séculos,
há meio século.

Alguém levado em carruagem dourada,
alguém levado em vagão de extermínio.
Montezuma, Confúcio, Nabucodonosor,
suas babás, suas lavadeiras e Semíramis
que só fala inglês.

Bilhões de rostos na face da terra.
Meu, seu, de quem –
você nunca saberá. Talvez a Natureza tenha que ludibriar
para dar conta dos prazos e da demanda
e pesque até o que estava submerso
no espelho da deslembrança.

Deixe um comentário